NOTA 99 - O MUNDO DENTRO DO MUNDO - de John D. Barrow
1 - Nos próximos séculos o desenredar dos constituintes elementares da matéria pode ser visto como o maior acontecimento
da nossa civilização. ; os aceleradores de partículas são como grandes pedras firmes e catedrais seculares do espírito humano.
2 - O inigma cosmológico último parece consistir na questão de como e quando surgiram as leis da natureza, se o universo do
espaço e tempo é imaginado a surgir espontaneamente do nada.
3 - O "Big-Bang" , se realmente aconteceu,foi,com efeito,uma singularidade nua.
4 - A crença de que uma teoria unificada de tudo explicará a estrutura do universo única e completamente,será admitida sem
reservas em artigos científicos,mas é essencialmente uma visão religiosa ou metafísica,no sentido de que se baseia apenas num
axioma de fé não declarado.
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" O Mundo Dentro do Mundo" de John D. Barrow é um livro de divulgação científica,na área da física,que aborda as grandes questões
que hoje se colocam na investigação da física teórica e da cosmologia. É um livro algo complexo,de leitura por vezes difícil,com algumas
partes mais populares e simples,mas sempre com muito interesse. Devido ás matérias que aborda e ao seu considerável volume,talvez
se torne menos comercial que outros livros de divulgação,mais pequenos e menos complexos,como são os casos,por exemplo, de
"O Grande Desígnio" e "A Teoria de Tudo".
John D. Barrow é professor de Astronomia na Universidade do Sussex.
Como e quando surgiram as LEIS DA NATUREZA ?-- pergunta o autor a dada altura . Contudo,começa o capítulo 6 com o título :
" Existirão leis da natureza ? " E desenvolve : " a flora e a fauna do nosso planeta apresentam o que deveríamos admitir como "ordem".
Esta situação impressionante faz com que seja razoável perguntar se será possível que não haja uma " mão invisível " a trabalhar no
universo em geral. Será possível que não haja absolutamente qualquer lei da natureza ? Será possível que toda a ordem que observamos,
seja uma manifestação daquele tipo particular de completa ausência de lei e independência que conduz á previsibilidade ? Ou seja,
" a ordem pode surgir da desordem por meio de um processo subtil de auto-interacção colectiva",como refere John Weeler ?
Quanto á questão das DIMENSÕES ESPACIAIS afirma que " existem poderosas razões para nutrirmos a ideia de que existem muitas
mais dimensões espaciais do que as TRÊS ( altura,largura e comprimento) onde temos a nossa existência. Para onde foram todas as
dimensões ? "... devem ter ocorrido acontecimentos que resultaram em que todas as dimensões do espaço,menos três,fossem
aplanadas num nível imperceptível. Ainda não compreendemos como pôde isto acontecer nem porque foram excluidas "três" (e não
cinco ou sete,por exemplo) dimensões.
Somos AS CINZAS DAS ESTRELAS - " Os sistemas vivos da Terra baseiam-se nas propriedade químicas subtis do carbono e nas suas
relações com o hidrogénio,o azoto,o oxigénio e o fósforo.Outros elementos têm também um papel importante,mas estes cinco são os
actores principais no jogo da vida....O forno fornecido pela natureza é o interior das estrelas. Quando as estrelas esgotam os seus recursos
de combustível nuclear,implodem e expulsam as camadas exteriores para o espaço. Esta morte violenta,que testemunhamos nas supernovas,
serve para dispersar os elementos biológicos através do espaço,onde são incorporados em planetas,asteróides e outras formas de lixo
interstelar. Somos as cinzas das estrelas.
O PRINCÍPIO ANTRÓPICO forte sugere que,dado que parece existir um grande número de " coincidências " notáveis aparentemente
desconexas que cooperam para permitirem que a vida seja possível no universo,este " deve " dar origem a observadores em algum
período da sua história. Mas " não pode haver uma demosntração lógica inevitável da existência ou inexistência de Deus. Haverá sempre
uma escolha acerca da credibilidade das suposições. As coincidências antrópicas fortes não podem ser a base de um argumento convincente
da existência de Deus a partir de um aparente projecto antropocêntrico no universo,embora sejam bastante consistentes com tal conclusão.
O princípio antrópico apenas identifica coincidências que são " necessárias " para a evolução da quimica complexa que permite a evolução
espontânea da vida por selecção natural.
O UNIVERSO É FINITO ou INFINITO ?
Quanto á " velha " questão de saber se o universo é finito ou infinito,diz John Barrow : " Pode ter uma extensão infinita e ... pode ter um
tamanho finito ..." ,embora o autor se incline mais para a 1ª possibilidade.
Finalmente,quanto ao TEMPO ! Teve um começo ?
" a plétora das possibilidades significa que os teoremas de singularidade de Hawking e Penrose não nos permitem concluir que
houve um começo do tempo ".
..................................................................................... Ora aqui ficam alguns tópicos deste excelente--mas por vezes difícil-- livro de
John D. Barrow. Nestas matérias de divulgação da física e da cosmologia é,sem dúvida,um "compêndio " que deve ser lido com bastante
atenção.