NOTA 93 - O GRANDE,O PEQUENO e a MENTE HUMANA - de Roger Penrose
1 - As leis que regem o comportamento do mundo em grande e em pequena escala são,aparentemente,bastante diferentes. Não sabemos combinar a física do muito grande com a física do muito pequeno.
2 - Parece que os seres humanos são muito semelhantes a outras espécies animais e,embora possam ter uma melhor compreensão das coisas do que alguns dos seus primos,apesar disso,estes também possuem alguma compreensão e,por conseguinte,terão de possuir consciência.
3 - Necessitamos não só de uma nova física,mas também de que esta nova física seja relevante para a actividade do cérebro.
4 - Uma teoria muito conhecida,que afirmei não partilhar,mas que é do agrado de muita gente,é a do universo inflacionário.
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Sir Roger Penrose,o autor deste livro - O Grande,O Pequeno e a Mente Humana - nasceu a 8/8/1931(tem quase 86 anos) em Colchester,Inglaterra,e é um físico matemático e filósofo da ciência,professor emérito da Universidade de Oxford.Filho do cientista Lionel Penrose e irmão do matemático Oliver Penrose e do mestre de xadrez Jonathan Penrose,inventou e popularizou o "triângulo de Penrose" e a "teoria twistor" e é reconhecido pelas suas contribuições para a relatividade geral e a cosmologia,nomeadamente sobre buracos negros e o big bang e recebeu em 2008 a medalha Copley,entre muitos outros importantes prémios.
As suas ideias - diz-se na contra-capa do livro - são controversas e objecto de viva discussão. Permitirá a física quântica reduzir a consciência à computação ? Roger Penrose responde,convictamente,com um rotundo "não". Contudo,apesar da convicção de Penrose de que os nossos cérebros não podem ser modelados por sistemas computacionais,a discussão continuará,porventura,por muito tempo. Por isso,"O Grande,O Pequeno e a Mente Humana" alarga o debate aos leitores que querem manter-se a par dos últimos pensamentos sobre o pensamento."
Roger Penrose,internacionalmente reconhecido como um dos mais dotados matemáticos contemporâneos,diz que o comportamento do mundo parece estar alicerçado na matemática com um nível extraordinário de exactidão,e que á medida que desenvolvemos teorias cada vez mais profundas,a matemática simplifica-se. Mas,é necessária uma teoria que nos diga "como foi o big bang",e não acredita na "teoria inflacionária" que sugere que a geometria do universo é plana. Prefere dizer "deve ter-se passado algo de muito,muito especial no Big Bang,embora o que foi exactamente seja um assunto controverso." E fala da "precisão com que o estado inicial foi criado" e de que essa precisão deve ter algo a ver com a união entre a teoria quântica e a relatividade geral,uma teoria que não possuimos. Por isso - diz Sir R. Penrose - parece que estamos a regressar a uma espécie de situação grega,com um conjunto de leis com aplicação ao nível quântico e outro ao nível clássico(para os Gregos antigos,havia um conjunto de leis que tinham aplicação na Terra e outro,diferente,que se aplicava nos céus). Depois,refere-se áquilo que a mecânica quântica pode explicar,para,de seguida,falar dos seus mistérios,dividindo estes em mistérios Tipo Z e Tipo X. O mais famoso mistério X está relacionado com "o gato de Schrodinger" que estava "morto e vivo ao mesmo tempo". Como mistério Z fala da "não-localidade quântica" ou "emaranhamento quântico",que é uma coisa bastante extraordinária. Há eventos que ocorrem em pontos separados,mas que estão ligados de modos misteriosos. É por isso que algumas pessoas "ficam hipnotizadas por estas coisas". Roger Penrose diz que o que tem derrotado toda a gente até agora é "tentar fazer física dentro de um espaço-tempo sobreposto difícil de trabalhar" e que a teoria completa será "claramente um assunto para o futuro."
Fala do mundo mental como "mundo III" e pergunta: O que é a consciência ? E responde:Bem,não sei defini-la. E diz mais! "há mais dois termos que também não compreendo:sensibilização e inteligência.Então porque falo de coisas quando desconheço o seu significado ? Provavelmente,deve-se ao facto de ser matemático e os matemáticos não se preocupam muito com isso." Mas,"embora desconheça o que é a consciência humana,parece-me que a compreensão humana é uma instância dela,ou pelo menos é algo que a exige." Julga que "poderá faltar algo não computável em física" e como exemplo de palavras que parecem envolver elementos não computáveis,refere,"juízo","bom senso","compreensão","compaixão","moralidade",etc, e é-lhe difícil aceitar que necessitemos de 1/2 segundo antes de tomarmos consciência de um acontecimento,enquanto o livre arbitrio parece envolver uma demora da ordem de 1 segundo. O livro apresenta ainda 3 pequenos comentários de Abner Shimony,Nancy Cartwright e Stephen Hawking,aos quais Roger Penrose responde.
Abner Shimony diz que "o conceito mais radical da teoria quântica é o de que o estado completo de um sistema - ou seja,o que fornece a especificação máxima do sistema - não se esgota num catálogo de propriedades actuais do sistema,mas deverá também incluir as suas potencialidades."
Nancy Cartwright,por seu lado,a dado passo,afirma:"Dizer que as leis da física são verdadeiras "ceteris paribus"(em iguais circunstâncias)não é negar que sejam verdadeiras.Simplesmente não são inteiramente soberanas."
Stephen Hawking afirma que "a consciência não é uma qualidade mensurável do exterior" ... Prefiro falar sobre a inteligência,visto que é uma qualidade mensurável do exterior.
A estes 3 comentários,o que responde Roger Penrose ? "...aquilo de que necessitamos em física é de uma grande revolução e ninguém sabe quando tal acontecerá !",porque "a teoria física actual é uma manta de retalhos" e "talvez o objectivo último dos físicos - uma representação completamente unificada - seja,de facto,um sonho inatingível."
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