NOTA 63 - AS GRANDES AGÊNCIAS SECRETAS - de José-Manuel Diogo

Tenha cuidado.Tudo neste livro é perigoso.Se insistir,pode até meter-se em problemas.Por isso,pondere se
não é melhor fechá-lo e devolvê-lo ao seu lugar.A minha sugestão é que tenha bom senso.Não se meta em coisas
que não conhece.Pode correr-lhe mal.Ainda está a ler?Bom,então não olhe para trás,já não vale a pena.Está agora
por sua conta e risco.Boa sorte.E certifique-se  de que fala mais baixo da próxima vez que atender o seu telefone.
                                                                                    (As Grandes Agências Secretas,pág.11.)
............................................................:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::......................................................
"As Grandes Agências Secretas" de José-Manuel Diogo,foi editado em outubro de 2012 e descreve os factos mais importantes
relativos aos principais serviços secretos: SIS (português),CIA (americano);M16 (inglês),KGB (russo),e MOSSAD (israelita).
Como é habitual,na contra-capa dá-se uma ideia do que o livro trata e referem-se dados do autor.Diz-se aí que o livro é uma
viagem empolgante ao mundo dos principais serviços secretos.A história e os protagonistas,as personalidades famosas e
truculentas,as missões impossíveis que aconteceram em vários países e marcaram o rumo do nosso mundo,e,simultaneamente,
uma análise das relações entre os Estados e um olhar sobre os grandes conflitos mundiais e o mundo,tal como hoje o conhecemos.
O autor,José-Manuel Diogo,nasceu em 1966 na cidade de Castelo Branco e é licenciado em jornalismo pela Universidade de
Coimbra e em 1997 fundou a empresa de comunicações Agenda Setting onde é especialista em "media intelligence e stakeholders
management",sendo consultor de várias empresas privadas e organismos públicos,nacionais e internacionais.
Antes de falar do SIS,o autor descreve os percursores dos serviços secretos portugueses:refere-se ao rei D.João II como percursor
do "segredo de estado";aos protoespiões portugueses Afonso de Paiva,Pero da Covilhã e João Fernandes Lavrador,salientando
entre estes,o Pêro da Covilhã,"um Lawrence da Arábia avant la lettre".Refere-se á tese,polémica,de que Cristóvão Colombo
poderá ter sido um espião português e diz que Pina Manique destruiu o trabalho feito por D.João II e pelo Marquês de Pombal e
instiuiu a repressão.
Fala do nascimento da GNR,em maio de 1911,e dos assassínios do Presidente da República Sidónio Pais e do almirante Machado
Santos,o "herói da rotunda" no 5 de outubro, e diz que a "solução final" para o extermínio em massa dos judeus,foi conhecida pela
1ª vez em Lisboa. Refere-se á criação da PVDE,em agosto de 1933,e da PIDE,em 1945,e diz que "ao contrário dos actuais SIS e
SEUD,que operam num quadro legal democrático e sem qualquer competência policial,a PIDE estava colocada na dependência do
Ministério do Interior e cabia-lhe a instrução dos processos crimes contra segurança do Estado,os serviços de emigração e 
passaportes,as fronteiras,etc.,e fala da "Operação Dulcineia" com o sequestro do paquete Santa Maria,em 22/1/1961, e dos
assassínios políticos por parte da PIDE,do general Humberto Delgado,em 1965 e,antes disso,dos dirigentes comunistas "Alex",
em 1944 e Dias Coelho,em 1961.
Em 1969 a DGS substituiu a PIDE e,depois,refere o autor mais em pormenor,o trabalho do SIS e o seu enquadramento legal,e
diz que,no que concerne aos serviços de informações,Portugal pode ser classificado um país de brandos costumes.O SIS teria
em 2011,cerca de 600 funcionários,a maioria com um trabalho monótono.Os agentes aprendem a seguir e vigiar pessoas,mas
também a evitar que sejam eles o alvo da vigilância adversária,usam automóveis com matrículas falsas,consideram a comunidade
islâmica bem integrada e pacífica e Portugal é visto no estrangeiro como um caso de sucesso no combate ao extermismo político
e religioso.É crença profunda dos serviços de informações que o terrorismo internacional está a associar-se cada vez mais ao
tráfico de droga,uma ameaça de grande magnitude á soberania dos Estados e com tentáculos á escala planetária.
Depois passa a falar da CIA,criada em 18/9/1947.Refere-se á criação da expressão "república das bananas" - pequenas
nações tropicais,v.g.,Guatemala e Honduras,pobres e instáveis,cuja única fonte de rendimento era a venda de matérias primas,
nomeadamente bananas,.Fala da invasão de Cuba,através da Baia dos Porcos,,em 17/4/1961;da Guerra do Vietname,do Chile
de Salvador Allende,do Irão de Khomeini e do Afeganistão de Osama Bin Laden,entre outros assuntos.
Começa a falar do M16,citando um seu director-Sir Richard White,que dizia:"...não é de estranhar que hoje em dia o espião
se encontre como o guardião principal da integridade intelectual".Refere os escritores-espiões Somerset Maugham,Graham
Greene e Ian Fleming e diz que a moralidade é assunto alheio á espionagem.E avança para  falar do IRA,de Michael Collins
e da morte dos 14 agentes do Gangue do Cairo.Fala da República de Weimar e de Hitler, e de Franklin Roosevelt a quem Joseph
Goebbels apelidava publicamente de "mesquinho judeu" ,e do sucesso do M16 na decifração dos códigos germânicos,durante a
2ª Guerra Mundial,e do Primeiro-Ministro Anthony Eden que estava dependente de drogas para aguentar a rotina diária,assim como
o treino dado á resistência afegâ,na Escócia,pelo M16.
Depois há as histórias dos espiões duplos,ingleses/soviéticos,como é o caso de Kim Philby e outros,e o quebra-cabeças que a
CHINA representa para as agências de espionagem ocidentais.De facto,não se conhece na China nenhuma agência de espionagem
nos moldes em que as entendemos no Ocidente,pois a China prefere usar uma enorme rede de informadores ocasionais,que pode
ir desde o estudante chinês a frequentar uma universidade norte-americana,ao homem de negócios chinês em viagem de trabalho
á Inglaterra.São pessoas comuns que tentam recolher informações sobre os países onde estão,sendo na maior parte das vezes
uma actividade voluntária.E fala de uma nova guerra-fria,agora entre o Ocidente e a China,que pode ganhar contornos espaciais,
nomeadamente por causa de um gás não radioativo,conhecido como hélio-3,que existe em abundância na Lua e é quase
inexistente na Terra.
Sobre o KGB traça um retrato sombio.Começa por lhes chamar "fortes,feios e maus",secundando Mikhail Gorbachev que dizia:
"são gente horrível,esses profissionais".Fala dos Gulag,do "massacre dos polacos",da sensação de que "todos espiam todos",do 
espanhol que assassinou Leon Trotsky e descreve em pormenor os acontecimentos dentro do KGB.Mas,também refere-não há
ninguém que não se engane-o caso do professor de Yale,Frederick  Barghoorn,que foi acusado de espionagem,e era um mero e
simples professor,que tinha o azar de ser amigo do presidente Jonh F.Kennedy.Diz que hoje,o KGB,com o nome actual de FSB,
pode ter-se tornado,o próprio Estado,na "democracia musculada" que é a Rússia.
Quanto á MOSSAD ! A 14/5/1948,David Ben-Gurion declara a criação do Estado de Israel,culminando anos de perseguições aos
judeus na Europa,nomeadamente os "pogroms" de Odessa,Varsóvia,Kishinev,Kiev e Lwów,nos quais milhares de judeus foram
mortos por enfurecidas milícias populares.Diz o autor que,ao contrário do que se costuma pensar,a Mossad nunca foi obsecada
em perseguir e assassinar ex-nazis.Era mais importante consolidar o jovem Estado de Israel.A tarefa de perseguir ex-nazis era 
conduzida,de forma voluntária e independente da Mossad,por um grupo de sobreviventes do Holocausto,que se auto-intitulavam
"Nokmin"(vingadores).Disfarçados de soldados ingleses,percorriam a Europa do pós-guerra em busca de criminosos de guerra
nazis.,que começaram a entregar aos aliados.Contudo,ficou famosa a captura do nazi Adolf Eichmann-aí sim pela Mossad- na
Argentina,numa operação que o autor descreve.E também descreve o roubo,pelos israelitas,do espantoso avião Mig-21,de
fabrico russo,que estava ao serviço do Iraque,bem como outros factos,nomeadamente relativos á bomba atómica,que Israel
possui,mas,oficialmente,continua a negar.
Mas não é fácil escrever sobre a MOSSAD,visto que a maioria dos seus documentos estão classificados como "sodi beyoter"
(altamente confidencial),pelo que a esmagadora parte das suas operações ainda não foi tornada pública e,muito provavelmente.
nunca será.
E ainda fala da "Santa Aliança",a agência de inteligência do Vaticano,e das escutas telefónicas ao presidente americano Bill Clinton,
bem como do nome dos 400 agentes da Mossad que morreram  ao serviço de Israel desde 1967 e cujo nome se encontra gravado
num monumento em forma de labirinto,em Gilot,Israel,entre outros assuntos.
Conclui o autor que as informações são "a maior das preciosidades".
Terá alguma razão.As informações são uma forma de conhecimento e é com mais conhecimento que o mundo avança e 
os países se desenvolvem e aprendem a partilhar esse conhecimento,que não tem fronteiras.
........................................................................................:::::::::::::::::::::::::.........................................................................
......................................................................................................."As Grandes Agências Secretas" de José-Manuel Diogo.
Parece ser uma abordagem séria e ilucidativa dos serviços secretos,cujo conhecimento pelo grande público ajuda a
compreender  a arquitectura atual do poder  e da soberania.