NOTA 153 - PARA O INFINITO - de Martin Rees
Os grandes conceitos da ciência - ou,pelo menos,umas "luzes" destes - podem ser transmitidos através de termos não técnicos e imagens simples.
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" Para o Infinito - horizontes da ciência ",de Martin Rees,é um pequeno livro,com cerca de 120 págs.,editado em Portugal em outubro/2017,baseado na versão inglesa de 2011,com o título "From Here to Infinity-Scientific Horizons". O prof. Martin Rees é um ilustre astrofísico inglês,membro da Câmara dos Lordes,Master do Trinity College,na Universidade da Cambridge,ex-presidente da Royal Society,a mais antiga sociedade científica do mundo,Astrónomo Real da Grâ-Bretanha desde 1995,distinguido com inúmeros prémios e distinções científicas,e tem publicado em Portugal um outro excelente livro - "O Nosso Habitat Cósmico".
" Para o Infinito " baseia-se nas 4 "Palestras Reith" que o A. proferiu em 2010,ano em que a Royal Society celebrou o seu 350º aniversário e "Ano da Ciência",designado pela BBC. As palestras foram proferidas em locais diferentes: a 1ª,nas instalações da BBC,onde o A. abordou o modo como os cientistas interagem com os políticos e o público; a 2ª,na cidade galesa de Cardiff,tendo o A. falado de como poderá ser o mundo em 2050; a 3ª,decorreu na Royal Society - a principal academia científica do Reino Unido,à qual o A. então presidia - e onde falou sobre os principais desenvolvimentos futuros da ciência; a 4ª e última palestra,proferida na Universidade Aberta do Reino Unido,analizou o impacto da globalização e das comunicações modernas na ciência e na educação,assim como a condição de cientista.
Martin Rees fala do impacto de Darwin no pensamento do séc.XIX e o conceito de selecção natural foi descrito até como "a melhor ideia que jamais alguém teve". O A. considera as descobertas da ciência,o maior feito colectivo da Humanidade,mas diz que o séc.XXI é um século crucial,pois a Terra existe há 45 milhões de séculos,mas este é o primeiro período em que uma espécie - a nossa - pode determinar,para o bem ou para o mal,o futuro de toda a biosfera,embora reconheça que para a maior parte das pessoas na maior parte dos países,nunca houve um tempo melhor para se viver.Mas adverte:aquele que não se preocupa com o que acontecerá aos seus filhos na idade adulta,mesmo tendo pouco controlo sobre isso,é um pai que deixa a desejar. E os cientistas devem ser também cidadãos preocupadps e activistas,alertando a opinião pública e os políticos para os perigos de que se apercebam.
Diz que há um fosso cescente entre o que a ciência nos permite fazer e o que é prudente ou ético realmente fazer; e afirma que os benefícios da globalização têm de ser distribuidos de um modo justo. Fala da ameaça nuclear e na necessidade de eliminar as armas nucleares; na tendência que existe para o aumento da população mundial e do imperativo humanitário que é aumentar as possibilidades de vida dos mais pobres de África,fornecendo água potável,educação primária e outros bens básicos e,refere-se no seu livro,que os recursos necessários para melhorar as vidas dos mil milhões de pessoas mais desfavorecidas,eram inferiores aos recursos detidos pelos mil indivíduos mais ricos do mundo. Quanto às alterações climáticas,afirma que os actos humanos,sobretudo a queima de combustíveis fósseis,já elevaram a concentração de dióxido de carbono a um nível mais alto do que alguma vez se registou no último meio milhão de anos. E diz que o aumento de 2,3 ou 5 graus da temperatura média mundial - são estes os números citados -poderão parecer demasiado baixos para tanto alarido,mas chama a atenção que,no momento mais extremo da última glaciação,a temperatura média era apenas 5 graus mais baixa,sendo fundamental dar prioridade ao desenvolvimento das novas fontes de energia,sejam elas o vento,as marés,o Sol ou o nuclear. A ciência do séc.XXI,se aplicada de um modo optimizado,pode oferecer enormes benefícios ao mundo em vias de desenvolvimento e ao mundo desenvolvido.
Diz o A. que uma coisa que mudou pouco ao longo dos milénios foi a natureza humana e o carácter humano,mas não há-de tardar muito,porém,que novos fármacos de aumento da cognição,a genética e as técnicas cyborg consigam alterar os próprios seres humanos. E afirma que é insensato defender - como fazem alguns - que a emigração para o espaço constitui uma possibilidade de longo prazo para fugir aos problemas da Terra.
A Internet é um exemplo excelente de globalização benigna,e a economia necessita de se afastar da dependência excessiva do sector financeiro e reconhecer a ciência e a inovação como "reactores" essenciais para a prosperidade de longo prazo e a resposta aos desafios globais. Deter a degradação do ambiente;desenvolver energia limpa e agricultura sustentável;e garantir que em 2050 não continuaremos a ter um mundo onde vivem milhares de milhões de pessoas na pobreza e os benefícios da globalização não são partilhados de modo justo - eis algumas das medidas que o A. propõe.
............................................... "Para o Infinito - horizontes da ciência",do Prof. Martin Rees,um pequeno livro destinado ao grande público,com umas "luzes" de alguns conceitos básicos da ciência. Não era preciso dizer,mas é óbvio que é com este tipo de leitura,que se formam cidadãos mais bem informados e sabedores,acerca de grandes questões que se colocam hoje à vida do homem na Terra.