NOTA 142 - A Desigualdade e o Futuro da Economia-de P.Krugman,T.Piketty e J.Stiglitz
1 - Poderá ser necessário um certo nível de desigualdade para incentivar as pessoas,e uma certa desigualdade
pode,por isso,corresponder por vezes a diferentes opções de vida e,por vezes também,representar um incentivo,
(...)mas há nìveis de desigualdade que são absolutamente injustificáveis,além de serem maus em termos de bem-
estar social e de felicidade(...) A riqueza e a felicidade podem prosperar em condições que moderem as desigual-
dades,como acontece no Norte da Europa.As desigualdades na Suécia,Noruega ou na Dinamarca são bastante
moderadas.
2 - A "Zona Euro" não está a funcionar(embora seja possível fazer com que funcione) porque uma moeda única
com 18 dívidas públicas diferentes,com 18 taxas de juro diferentes e expostas à especulação dos mercados finan-
ceiros,com 18 regimes fiscais diferentes e em competição uns com os outros,é um sistema que não funciona nem
poderá alguma vez funcionar.
3 - Apesar dos problemas,a Europa de hoje é muito mais próspera e muito mais igualitária do que há um século,
numa época em que as desigualdades eram extremas.
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"Debate sobre a Desigualdade e o Futuro da Economia" é um pequeno livro,com 60 págs.,editado em Junho de 2015,
que reproduz o debate realizado a 04/03/2015 pelos economistas Paul Krugman,Joseph Stiglitz e Thomas Piketty,e
que foi moderado pela jornalista Alex Wagner. Os economistas P.Krugman,T.Piketty e J.Stiglitz são três dos mais famosos
economistas da actualidade.
Paul Krugman nasceu em Nova Iorque em 1953,ganhou o Prémio Nobel em 2008,é autor de dezenas de livros,professor
na Universidade de Princeton e cronista do The New York Times.
Joseph Stiglitz nasceu em 1943 no estado de Indiana,nos USA,ganhou o Prémio Nobel em 2001,foi economista-chefe
do Banco Mundial,presidente do Conselho de Assessores Económicos no governo do presidente Bill Clinton e professor
nas Universidades de Yale,Harvard e Stanford.
Thomas Piketty nasceu em Clichy,França,em 1971,estudou matemática e economia na École Normale Supérieure de
Paris,doutorou-se em Filosofia com uma tese sobre a redistribuição de riqueza,em 2006 foi o primeiro director da Escola
de Economia de Paris e tornou-se internacionalmente mais conhecido com o seu livro "O Capital no Século XXI".
A moderadora do debate,a jornalista Alex Wagner (Alexandra Swe Wagner),é americana,nasceu em 1977 e apresenta
na MSNBC o programa televisivo "Now With Alex Wagner".
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O mundo é um lugar complicado - diz Paul Krugman.Mas,na crise de 2007 e 2008,tanto Krugman como Stiglitz previram
o que se ia passar.Contudo,por razões ideológicas,por vezes,poem-se de parte soluções que funcionam,e existe uma
visão idealista e ingénua dos mercados,por parte de muitos economistas.A ideologia faz sentir muito o seu peso entre
os economistas. Para J.Stiglitz,para além de uma política monetária correcta é necessária uma política orçamental
com estímulos efectivos. Para T.Piketty-que se vê mais como um cientista social do que como economista-as fronteiras
entre economia,história e sociologia não são assim tão claras,e o principal aspecto do problema da desigualdade na
Europa actual é o desemprego juvenil. Para resolver o problema da "zona euro" é necessário um parlamento da zona
euro que vote um orçamento comum e que estabeleça,por exemplo,um imposto comum sobre o rendimento das pessoas
colectivas.Fala do caso do "Luxemburgo Leaks",no qual numerosas empresas internacionais e multinacionais furtavam-se
quase por completo ao pagamento de impostos,pondo as suas contas em paraísos fiscais,neste caso,o Luxemburgo.
Defende que é necessário tributar mais as grandes empresas e os grandes rendimentos individuais.É necessário também
alterar os tratados europeus e as instituições europeias. P.Krugman e J.Stiglitz saberiam tirar a Europa das dificuldades
que hoje enfrenta e reduzir os níveis de desigualdade nos USA,porque conhecem as políticas e transformações sociais
que deveriam ser introduzidas,mas que são bloqueadas por razões ideológicas. Na Europa,ter uma moeda única,mas
não ter um governo único,é um problema estrutural enorme,embora reconheça(TP)que é um exercício complicado
fazer com que todos os Estados-nação europeus deem lugar a uma nova comunidade política maior. Mas,em 1920,a
reforma do sistema não parecia possível,mas foi.
"Problema misterioso" - os mais ricos de entre os ricos pagam menos impostos do que aqueles que não fazem parte
dessa camada superior e,a remuneração dos directores executivos das grandes empresas,passou de ser 30 vezes
a 300 vezes superior ao salário médio dos seus trabalhadores,sem que haja qualquer justificação para que isso
aconteça-diz J.Stiglitz.
A ascensão do nacionalismo e o agravamento das divisões étnicas são muitas vezes uma reação desencadeada
pela incapacidade de dar solução aos problemas sociais e da desigualdade locais-refere T.Piketty.
Nos USA a esperança de vida e a saúde em geral é inferior à de outros países semelhantes,devido a demasiado
"stress" e existe um desperdício enorme de potencialidades,na pouca utilização de mulheres na direção de empresas.
Nos USA as desigualdades são muito maiores do que na Europa actual e,apesar dos problemas,a Europa é hoje
mais próspera e igualitária do que há um século.Contudo,nada desculpa as desigualdades espectaculares.
A China está a sair-se bem mas terá que proceder a reformas profundas em determinados domínios - diz T.Piketty.
O bitcoin,de momento,não parece ser uma novidade demasiado boa-diz P.Krugman. E a democratização do
conhecimento e a difusão do conhecimento da economia,através de livros que os AA. têm escrito,e livros de
outros economistas,podem desempenhar um papel importante,pois é necessário que os cidadãos participem
cada vez mais e que estejam mais bem informados.
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"Debate sobre a Desigualdade e o Futuro da Economia" - um pequeno livro de divulgação científica na área
da economia,com a participação de três ilustres economistas da actualidade,onde se discutem e são
apresentadas propostas para resolver alguns problemas sociais,politicos e económicos que o mundo
actual apresenta. Leitura bastante interessante,para que "os cidadãos participem cada vez mais e que
estejam mais bem informados".