NOTA 141 - O essencial sobre AGOSTINHO DA SILVA - de Romana Valente Pinho
1 - Aquilo que sempre fez foi ensinar e aprender.Sempre.Ensinar quase tudo:literatura,filosofia,línguas,história,
filologia,educação,política,religião,arte.E aprendeu com tudo o que naturalmente lhe interessava:entomologia,
pintura,escutismo,antropologia,música,histologia,cultura popular...
2 - A Escola enquanto oficina,laboratório,biblioteca ou como um espaço onde reina,por excelência,a Criação.
Se António Sérgio defende "uma escola útil para a vida",Agostinho faz a apologia da Escola como vida,não
havendo no seu pensamento,cisão entre as duas:Escola é vida.
3 - Na imensidão do Espírito tudo e todos cabem,o cristianismo,o catolicismo,o islamismo,o budismo.Quando
o Reino do Espírito Santo se tornar uma realidade objectiva,os problemas da sociedade desigual e desiquilibrada
terão a sua solução.
4 - O futuro da Humanidade assenta no renascimento dos ideais de serviço,de simplicidade e de liberdade,
exaltados simbolicamente no Culto Popular Português do Espírito Santo,criado pela Rainha Santa Isabel e
por D.Dinis.(1)
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" O essencial sobre AGOSTINHO DA SILVA" é um mini-livro escrito por Romana Valente Pinho,editado pela
Imprensa Nacional-Casa da Moeda,numa coleção intitulada "Colecção Essencial" que,como o próprio nome
indica,procura expôr o que é essencial,na vida e na obra dos autores que retrata,ou dos temas que aborda.
A autora deste "Essencial sobre Agostinho da Silva" é a Drª Romana Valente Pinho,doutora e mestre em
Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa,onde se licenciou no ano de 2000,e autora dos
livros "Religião e Metafísica no pensar de Agostinho da Silva" e "In Memoriam de Agostinho da Silva",este em
co-autoria,para além de publicações de outros estudos em vários periódicos e obras nacionais e internacionais.
Muitos portugueses recordam-se de ver e ouvir Agostinho da Silva na RTP1,em 1990,no seu programa
"Conversas Vadias",que ajudou a transformar George Agostinho da Silva num filósofo popular e conhecido
do grande público.Nasceu no Porto a 13/02/1906 e em 1924 entra para a Faculdade para tirar o curso de
Filologia Românica,mas desentende-se com o prof. Hernâni Cidade e tranfere-se para o curso de Filologia
Clássica,onde é aluno de Leonardo Coimbra e outros.Termina o curso em 1928 e é nomeado professor
provisório no Liceu Alexandre Herculano,no Porto,ao mesmo tempo que vai escrevendo em diversos jornais
e revistas criticas à Academia,á política e á sociedade.Em 1931 ruma a Paris como bolseiro onde estuda
na Sorbonne e no Collége de France.Regressa a Portugal em 1933 e é colocado como professor de liceu
em Aveiro.Em 1935 vai para Madrid por causa da "Lei Cabral",mas regressa em 1936 por causa da eminente
guerra civil espanhola.Continua a colaborar com a "Seara Nova",escreve folhetos de iniciação cultural e
realiza palestras por todo o país.Acaba por ser perseguido e espiado pela PVDE e é preso em 24/6/1943,
na prisão do Aljube,onde fica 18 dias,sendo condenado à pena de residência fixa,que cumpre no Algarve e
no Minho.Em 1944,desiludido,vai para o Brasil,depois para o Uruguai e volta para o Brasil onde se mantem
até 1969.Nesse ano,incomodado com a ditadura brasileira,regressa a Portugal onde reinava a primavera
marcelista.E continua a escrever.Depois do 25 de Abril de 1974 regressa ao ensino,embora informalmente,
e em 1983 é nomeado Director do Centro de Estudos Latino-Americanos do Instituto de Relações Interna-
cionais da Universidade Técnica de Lisboa,e passa as últimas duas décadas da sua vida a viajar - regressa
ao Brasil,vai a Moçambique e também recebe medalhas,títulos e homenagens.No ano de 1994,a 3 de Abril,
Domingo de Páscoa,morre em Lisboa,estando sepultado no Cemitério do Alto de São João.
Agostinho da Silva defende a doutrina cooperativa de António Sérgio "como a tese mais profunda e profícua
do seu pensamento sócio-pedagógico " e insurge-se contra a flagelo da fome("só com o corpo alimentado,
pode o espírito fecundar") e faz a apologia do cristianismo primitivo acusando a Igreja por ter enveredado
por coordenadas opostas aos princípios cristãos. Critica a postura estrangeirista,reflexo da Geração de 70
que,diz,há muito vem minando e influenciando a intelectualidade e a sociedade portuguesa em geral e
defende que o caminho não é imitar os países do Norte da Europa,mas aproximar-se do Brasil. Não se
entusiasma com Eça de Queiroz que,para George Agostinho,sempre foi "um cônsul de férias em Portugal"
que nunca conseguiu apreender Portugal na sua essência,no seu sofrimento,e nunca se relacionou com
veracidade e realidade com o povo português.Por isso,defende que,apesar de possuir uma literatura mais
fraca,Júlio Dinis é mais consistente do que Eça pois as suas personagens "estão conscientes de que a vida
não é um salão de baile nem uma sala de conferências...". Agostinho da Silva contesta as leis da ditadura
e,como diz a autora, a sua intenção política sempre foi "permitir que os homens tenham condições de vida
capazes de os libertarem das prisões sociais e económicas,a fim de se entregarem à infinitude do Espírito."
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..................................................................... "O essencial sobre AGOSTINHO DA SILVA" um mini-livro
escrito por Romana Valente Pinho,sobre o essencial da vida e da obra de Agostinho da Silva,que permite,
após a leitura de algumas dezenas de páginas,abrindo caminho para leituras mais longas,recordar ou ficar
a saber alguns dos passos mais importantes dados por este ilustre português na sua caminhada terrestre.
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(1) - O Culto Popular Português do Espírito Santo "já entre nós existia muito antes de ela nascer..." - diz o Dr.Pedro Martins no seu livro "Agostinho da Silva em Sesimbra",2ª edição,pág.21.