NOTA 138 - ENSAIOS DE MAÇONARIA - de A. H. de Oliveira Marques
1 - Com esta publicação,espera-se contribuir para que a Maçonaria seja melhor conhecida e dê
lugar a menos equívocos,erros e ataques.
2 - A Maçonaria não faz política partidária;faz,no entanto,política no melhor sentido da palavra,visando
o melhoramento da sociedade,através da tolerância,da liberdade,pela igualdade e pela fraternidade,
contra o fanatismo,a intolerância e a opressão.
3 - O "perigo" da Maçonaria não estava na sua organização formal e ritualista,mas sim no "espírito" maçónico,
com os seus princípios de tolerância,fraternidade,liberdade de culto e convívio social.
...................................................................::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::...................................................................
" Ensaios de Maçonaria " é um pequeno livro de cento e poucas páginas,editado em Lisboa no ano de 1988,
da autoria do prof. A.H. de Oliveira Marques,ilustre historiador português,nascido em 1933 e falecido em 2007.
É um livro que,neste momento,está esgotado ou indisponível,segundo referem alguns sites de editoras,mas que
qualquer dia voltará a andar por aí e talvez possa ser encontrado em alguma livraria alfarrabista. O objectivo de
"Ensaios de Maçonaria" ,como diz o autor,é o de contribuir para um melhor conhecimento desta sociedade discreta
- e não "secreta" - que tem funcionado como um grupo de pressão e uma força de vanguarda.
O autor do livro - A.H. de Oliveira Marques - foi também um ilustre maçom,para além de destacado professor
universitário e historiador,com uma vastíssima obra literária sobre História de Portugal,História da Idade Média,História
da Expansão Portuguesa,História da Primeira República,História do Estado Novo e História da Maçonaria em Portugal.
Este livro - "Ensaios de Maçonaria" - quase que se podia chamar também "O Essencial sobre a Maçonaria em Portugal",
visto que,de uma forma compacta e resumida,aborda o início da Maçonaria em Portugal,na segunda metade do séc. XVIII
e vai até aos dias de hoje,analizando os mais importantes períodos e quais as suas características.
Mas,afinal,o que é a Maçonaria ? Podemos dizer assim : é uma sociedade discreta,iniciática e ritualista,de carácter
universal,onde cabem todas as classes sociais,defende o humanismo,a liberdade,a democracia,a igualdade,a fraternidade
e o aperfeiçoamento intelectual.Admite todo o homem livre e de bons costumes,sem distinção de raça,religião,ideário
político ou posição social e pressupõe que se acredite num princípio criador e que se tenha espírito filantrópico.
Existiam no mundo cerca de 3,6 milhões de maçons,em 2008. O termo "maçom" quer dizer pedreiro,construtor,e a
origem mais aceite,segundo a maioria dos historiadores,é que a Maçonaria contemporânea descende dos antigos
construtores de igrejas e catedrais durante a Idade Média.
" Grande Arquitecto do Universo " ou " G.A.D.U. ",é a designação maçónica para um Ente Superior,planeador e
criador de tudo o que existe.Não se faz referência a uma ou outra religião ou crença,permitindo que católicos,
muçulmanos e outros,se reúnam numa mesma loja maçónica. - cfr.wikipedia.org
Como já se disse,a introdução da Maçonaria em Portugal remonta ao séc. XVIII,perto da data oficial do seu
nascimento em Londres.Por volta de 1727 foi fundada por comerciantes britânicos em Lisboa,uma loja com o
nome de "Hereges Mercadores" - nome posto pela Inquisição - e em 1733 fundou-se uma segunda oficina
denominada "Casa Real dos Pedreiros-Livres da Lusitânea",formada predominantemente por católicos.
As relações entre a Igreja e a Maçonaria nunca foram perfeitas embora actualmente exista mais compreensão
e tolerância.Mas no séc.XVIII,em 1738,o Papa Clemente XII promulgou uma Bula que condenava a Maçonaria
e o movimento maçónico ressentiu-se disso.Contudo,em Portugal,o Marquês de Pombal,que não se sabe se era
maçom,deixou os pedreiros-livres em paz,embora em 1791 o Santo Ofício e a Inquisição voltassem a perseguir
os maçons. Quem eram os maçons de então ? Como diz o A. "a maioria,como sempre acontece,não ficou na
História nem se distinguiu pela sua actividade profissional". Mas ficaram alguns nomes importantes : escritores
como Bocage e Filinto Elísio e Francisco Álvares da Nóbrega ( o "Camões pequeno" ),juristas como A. Ribeiro
dos Santos e D.Monteiro de Albuquerque,capitalistas e homens de negócios como o Barão de Quintela,e Anselmo
e Joaquim Inácio da Cruz Sobral,etc.
O Grande Oriente Lusitano,como federação das lojas portuguesas,só surgiria em 1802.E no Brasil,o Grande Oriente
do Brasil,surgiria em 1822.
Não há notícia de que se conspirasse nas lojas nem de que estas,nos seus trabalhos regulares,exercessem qualquer
acção subversiva.A Maçonaria tem a sua Constituição,a sua lei penal,o seu código de costumes,as suas finanças e
até a sua lei internacional.A 1ª Constiuição maçónica foi a de 1806,depois a de 1821,mas há,durante os sécs.XIX e
XX,numerosas Constituições maçónicas no âmbito do Grande Oriente Lusitano.
Três Presidentes da Primeira República pertenceram à Ordem Maçónica:Bernardino Machado,Sidónuo Pais e
António José de Almeida.Depois de uma cisão entre o Grande Oriente Lusitano Unido e o Grémio Luso-Escocês,
voltou a haver união em 1926 e nessa data eram cerca de 3150 os maçons portugueses.A Maçonaria estrutura-se
em lojas(sete ou mais obreiros) e triângulos(menos de sete) com grande autonomia.Os orgãos centrais eram,entre
outros,o Conselho da Ordem,a Grande Loja ou Grande Dieta e o Supremo Conselho do Grau 33. Os períodos de
proibição da Maçonaria em Portugal foram entre 1738 a 1820,de 1823 a 1826,de 1828 a 1834 e de 1935 a 1974,
o que corresponde a quase 50% do tempo total.Em 1974,nas vésperas do 25 de Abril,havia em trabalhos apenas
três ou quatro oficinas (ou lojas). Em 1984 dá-se uma cisão que deu origem à "Grande Loja de Portugal" que passa
a coexistir com o "Grande Oriente Lusitano". Hoje,a Maçonaria em Portugal parece estar de boa saúde e a cumprir
os objectivos para que foi fundada.De facto,a fazer fé nos números e nomes que circulam na internet,uma
Respeitável Loja,ao val. de Lisboa,do Grande Oriente Lusitano,que foi fundada(ou re-fundada)em Março
de 1985 com 8 membros,surge hoje com um quadro de cerca de 50 maçons,o que não deixa de ser surpreendente.
No total,serão cerca de 5 mil os maçons agregados às várias obediências e lojas portuguesas,segundo refere o
prof. José Adelino Maltez,em entrevista à TSF,de 10/03/2017.
Nas bibliotecas públicas,qualquer pessoa pode consultar livros,dicionários e rituais que enformam até ao pormenor,
da forma da vida maçónica.
Que convicções políticas têm os membros da Maçonaria ? Embora haja muitos maçons ligados à direita democrática
e à esquerda democrática,a maioria é de centro ou centro esquerda - diz o autor.
A Academia das Ciências de Lisboa,instituição de grande projecção cultural,fundada em finais do séc.XVIII,deve
o seu espírito,fundação e orientação nos primeiros anos,à Maçonaria. E uma obra de beneficência criada pela
Maçonaria,sendo das mais antigas,é o Internato de S.João,em Lisboa,que continua a sua obra meritória.
" Vénus Maçona " - as mulheres na Maçonaria ; A Opus Dei e a Maçonaria ; A Carbonária ; Mozart ; Quem
impediu que a Moçonaria acabasse ; As 3 viagens ; Leis que proibiram a Maçonaria ; A porta secreta do
Palácio Maçónico ,são alguns de outros tópicos abordados neste livro.
Para terminar : a Maçonaria será uma associação hermética e elitista ? Responde o autor : - não é tão
hermética e elitista como se julga. O seu "hermetismo" mostra-se acessível a qualquer cidadão medianamente
instruido e o seu "elitismo" não é superior ao de qualquer associação cultural e qualquer pessoa pode entrar
na Maçonaria desde que compreenda os seus objectivos. Não se exigem cursos de qualquer espécie,diplomas,
currículos culturais ou profissionais,e existem na Maçonaria pessoas com formações profissionais muito
variadas,desde professores catedráticos a operários militantes sindicais. Em loja,todos eles são iguais.
............................................................ "Ensaios de Maçonaria" ,um pequeno livro escrito pelo ilustre
maçom e historiador A.H. de Oliveira Marques,para ser lido por quem queira saber alguma coisa de útil
e de correcto sobre a Maçonaria em geral,e em Portugal,e que ajuda a desfazer ideias erradas e
deturpadas sobre esta sociedade discreta que tem ajudado a tornar o mundo melhor.
