NOTA 134 - A EUROPA À DERIVA - de Slavoj Zizek

1 - A Europa pode transformar-se naquilo que a Grécia foi para o Império Romano da maturidade:
um destino para turismo cultural nostálgico desprovido de qualquer relevância efectiva.
2 - Embora a crise em curso na União Europeia surja como uma crise económica e financeira,
na sua dimensão fundamental ela é uma crise ideológico-política.
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Slavoj Zizek nasceu a 21/03/1949,em Liubliana,e é um sociólogo e teórico crítico e cientista social esloveno.
Professor da European Graduate School e pesquisador sénior no Instituto de Sociologia da Universidade de
Liubliana,e também professor visitante em várias universidades dos USA,entre as quais,a Universidade de
Columbia,Princeton,a New School for Social Research,de Nova Iorque,e a Universidade de Michigan. Doutorou-se
em Filosofia na sua cidade natal e estudou Psicanálise na Universidade de Paris. Em 1990,candidatou-se á
presidência da República da Eslovénia. Em 23/11/2014,recebeu a medalha de honra da Faculdade de Belas
Artes da Universidade do Porto. (cfr.wikipedia.org)
O livro "A Europa à Deriva",escrito por Slavoj Zizek,foi publicado em 2015 e tem esta edição portuguesa de
Abril de 2016. Aborda a crise dos refugiados e o problema do terrorismo,para além da deriva da Europa.
Diz Zizek que " a investida da permissividade hedonista após 1968 não deu origem à tolerância universal ",e
a alienação da vida social na Europa - a inclusão da distância no próprio tecido social - é um dos seus fracassos.
Ao nível da economia,o capitalismo triunfou em todo o planeta e relaciona-se bastante bem com a " modernidade
alternativa " autoritária. Mas,na globalização há mil e quinhentos milhões de vencedores e " o triplo dessas 
pessoas ficou à porta ".
Afirma que a Humanidade deve preparar-se para viver de uma maneira mais "plástica" e nómada,e que,em casos
de turbulência social,a soberania nacional terá de sofrer uma redefinição radical e novos níveis de cooperação
global terão de ser inventados.
A derradeira causa dos refugiados - diz Zizek - é o próprio capitalismo global de hoje e os seus jogos geopolíticos,
e a maioria dos refugiados provem dos Estados-falhados ( Síria,Líbano,Iraque,Somália,Congo...),mas os países
ricos do mundo árabe ( Arábia Saudita,Kuwait,Qatar e Emirados ) quase não aceitam refugiados.
Embora reconheça que as grandes migrações são uma característica constante da história humana,é necessário
parar o caos em que se transformou a crise dos refugiados. Como ? Com uma coordenação e organização em
larga escala,com centros de recepção perto do epicentro da crise e com a intervenção dos militares que " são os 
únicos agentes capazes de levar a cabo tão grande tarefa de uma maneira organizada." Porque,entregues a si
mesmos,os africanos não conseguirão modificar as suas sociedades,até porque,com as actuais políticas,são
" os europeus ocidentais que estão a impedi-los de o fazer."
Fala do "capitalismo com valores asiáticos",analiza o fundamentalismo cristão e o fundamentalismo muçulmano,
diz que a culpa da crise alimentar em muitos países do terceiro mundo,não pode ser atribuida aos suspeitos
habituais,como a corrupção,a ineficiência e o intervencionismo estatal,e que a globalização actual é " um globo
fechado " - citando Peter Sloterdijk.
........................................................................ " A Europa à Deriva " , de Slavoj Zizek - uma análise do estado
a que chegou a Europa e o apontar para algumas possíveis saídas da crise que - segundo Slavoj Zizek -
passam por fortalecer a solidariedade entre os mais vulneráveis e desprotegidos.
Uma utopia ? - pergunta Zizek
E responde : " talvez ... mas,se não nos empenharmos nela,então estamos realmente perdidos,e 
merecemos estar perdidos. "