NOTA 126 - A REVOLUÇÃO NO TEMPO - de David S. Landes

1 - O livro representa uma primeira tentativa para fazer uma história geral da medição do tempo e do 
respectivo contributo para aquilo a que chamamos a civilização moderna.
2 - A invenção do relógio mecânico na Europa medieval,foi uma das invenções mais importantes da
história da humanidade - não pertence à mesma classe que o fogo ou a roda,mas é comparável á
imprensa,quanto ás implicações culturais,tecnológicas,sociais,políticas e até sobre a personalidade humana.
3 - Nos séculos XV e XVI,esse pequeno país cristão que é Portugal,tendo expulsado os mouros infiéis,
prosseguiu a sua cruzada fora do país e construiu um espantoso império global com base numa rede
de rotas marítimas. A população portuguesa,cerca de 1 milhão,mal chegava para fornecer os quadros
de comunicação e de administração,mas os Portugueses maximizaram as suas oportunidades ocupando
pontos de controlo judiciosamente escolhidos,de onde podiam extrair conversos e mercadorias. O
empreendimento foi sempre uma combinação de propagação da fé e de expansão do comércio.
.......................................................:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::...............................................
" A REVOLUÇÃO NO TEMPO - Os Relógios e o Nascimento do Mundo Moderno " , é um livro
publicado nos USA em 1983,e tem esta 1ª edição portuguesa de Dezembro de 2009. O seu autor -
- David S. Landes - foi um ilustre economista americano,recentemente falecido(agosto/2013),professor
na Universidade de Harvard e na Universidade de George Washington. David Landes é mais conhecido
por causa de um outro livro que escreveu - " A Riqueza e a Pobreza das Nações " - mas este " A Revolução
no Tempo " é também um magnífico livro.
"A Revolução no Tempo" conta a história da invenção do relógio mecânico e do grande contributo que essa
invenção deu,para aquilo a que chamamos civilização moderna. Há quem diga até que,o relógio,e não a
máquina a vapor,é a máquina-chave da moderna era industrial.
David Landes entusiasmou-se com o estudo e com a história dos relógios,ou seja,a arte de medir ou
dividir o tempo - a horometria - e quando estava a dar aulas em Paris,em 1972,comprou um relógio antigo,
grande e complicado,por uma soma avultada,e nessa noite nem conseguiu dormir,por ter gasto tanto dinheiro,
ainda por cima num objecto só para ele.Seria isto um comportamento sensato para um pai de família ? 
- pergunta David Landes.
Os relógios mecânicos datam do séc.XIV e começaram por ser instrumentos rudimentares e imprecisos,nos
quais não se podia confiar. Foram necessários 400 anos para os transformar num indicador preciso do tempo.
O relógio tornou o tempo privado,por oposição a público e,após 700 anos de domínio,o relógio mecânico cedeu 
o lugar aos relógios de quartzo. Hoje em dia,temos relógios de quartzo que vibram 100 mil vezes por segundo.
Os ponteiros dos segundos - que servem para ver se o relógio está a funcionar - datam da década de 1690 e
os primeiros cronómetros de bolso apareceram em 1780. Os astrónomos foram os primeiros a querer medir
o tempo,em segundos e fracções de segundo,muito antes de existirem instrumentos que pudessem satisfazer
tal necessidade.
Por volta do séc.XVIII,um bom relógio era uma peça normal para qualquer oficial do exército ou da marinha,
embora também existissem em grande quantidade as vulgares "cebolas". Um relógio de bolso pode ter 150
ou mais componentes e,em relação aos melhores relógios,os suiços são intocáveis. "Ninguém lhes chega aos
calcanhares",sendo a Patek Philippe,um dos fabricantes mais conceituados. Por outro lado,a Breitling e a Omega,
são especialistas em relógios de precisão. O Rolex,ao qual o autor chama "o Patek dos pobres",com ouro e
diamantes,e no qual "a caixa é mais importante que o movimento" e o seu tamanho é um verdadeiro sinal
luminoso para os olhos de quem passa.
Apesar de os relógios digitais de quartzo serem mais precisos que os melhores relógios mecânicos,esse facto
não lhes dá a primazia,visto que os bons relógios mecânicos são "suficientemente precisos" para não perder
o avião ou para apanhar o comboio já em andamento na plataforma. "E,depois,há o novo lema que enfatiza
o valor da eternidade : nunca somos totalmente donos de um Patek;limitamo-nos a guardá-lo para os filhos
e para os netos. Mas também há que contar com os relógios do dia-a-dia. Os relógios Roskopf (Suiça,1866),
"o relógio do proletário",antecessor de outros semelhantes,como os Timex da década de 1950. E há que
contar,actualmente,com o Swatch (contração das palavras inglesas "swiss" e "watch"),que fez a sua estreia
em 1982 e cujo êxito ultrapassou em muito as expectativas. (Estou a escrever isto com um Swatch no
braço - diz David Landes )
Ao longo do livro,o autor volta a falar de portugueses,quando se refere à descoberta de novos mundos
de sabedoria e de compreensão. E aí " este entrosamento mágico remonta às primeiras descobertas
marítimas dos sécs. XV e XVI,às visões acarinhadas pelo infante D.Henrique,de Portugal (também
designado por "O Navegador"),e pela sua equipa de marinheiros,de fabricantes de instrumentos e de
astrónomos,no seu posto de comando localizado onde a terra acaba : Sagres."
E,noutra passagem,cita Samuel Eliot Morison,que atribui ao matemático português de origem judia
Pedro Nunes,uns 45 anos depois de descoberta de Colombo : " Porque aceitamos estes pilotos,com
a sua má linguagem e maneiras bárbaras; não conhecem nem o Sol,nem a Lua,nem as estrelas,nem
os seus percursos,movimentos ou declinações;ou como se levantam,como se põem e para que parte do 
universo estão inclinados; nem a latitude ou a longitude dos lugares do globo,nem astrolábios,quadrantes,
balestilhas ou relógios,nem anos comuns e bissextos,equinócios e solstícios ? "
.............................................................  " A Revolução no Tempo ", de David S. Landes . Se "ensinar é
a melhor forma de aprender" - como ele diz,não há dúvida de que todos aprendemos bastante com a
leitura deste excelente livro que fala da história da horometria e da importância da invenção do
relógio mecânico,para o nascimento do mundo moderno.